A situação da costa de Vinaròs, localizada entre Barcelona e Valência, pedia medidas urgentes para mitigar ou deter a erosão, causada tanto pelo efeito natural do mar como pelo aumento da pressão da construção. A ideia que regeu esta iniciativa foi a busca pela preservação das escarpas rochosas da costa, tornando-as acessíveis. A cargo dos arquitetos Vicente Guallart e María Díaz, o resultado desta intervenção paisagística foi um complexo volumétrico, em que plataformas modulares de madeira foram fixadas sobre as rochas, oferecendo superfícies confortáveis para descansar, tomar sol ou simplesmente desfrutar das belas vistas.
Mais detalhes a seguir.
Vinaròs é uma pequena localizada situada na costa do Mediterrâneo, entre Barcelona e Valência. Sua costa é formada por uma série de praias e penínsulas sobre um terreno rochoso que se desagrega facilmente. A costa, bem como a própria área do município, estão sujeitas a constantes mudanças de acordo com a ação do mar sobre o litoral, que gera desprendimentos e erosão.
Este projeto é um exemplo no qual a escala do olhar é fundamental para reconhecer a lógica com a qual agir. O local tem muito pouco interesse do ponto de vista urbanístico ou ambiental em uma escala intermediária, dada a proximidade entre as ocupações e a costa. No entanto, em pequena escala, descobre-se que a sucessão de praias, penínsulas e acidentes geográficos têm uma beleza excepcional.
Qual a dimensão necessária para que um acidente geográfico receba um nome?
Nossas análises permitiram cartografar micro lugares de grande identidade que mereciam um nome, rompendo, assim, a lógica de que para um evento geográfico ser belo ele precisa ser grande. Nosso projeto consiste em estabelecer um mecanismo para medir a costa a partir da criação de plataformas de madeira hexagonais com medidas baseadas nas proporções humanas.
Estas microcostas se organizam formando ilhas de dimensões variadas e se situam nos encontros das rochas com a água. As plataformas são formadas por apenas dois tipos de peças, uma plana e outra com uma micro topografia, que permitem gerar superfícies totalmente planas, semidobradas ou totalmente dobradas. Sua disposição na costa responde a critérios de acessibilidade ao mar e interação com a dinâmica da orla.
Após sua inauguração, as microcostas foram rapidamente apropriadas pelos cidadãos, que as utilizam das mais diversas formas. Pode-se reconhecer na relação entre o tamanho, disposição e localização das plataformas e o perfil social e quantidade de pessoas que as utilizam um interessante fenômeno de socialização do espaço.
Arquitetos: Vicente Guallart e María Díaz
Localização: Costa Sur, Vinaròs, Espanha
Ano do Projeto: 2007
Colaboradores: Rainer Goldstein, Christine Bleicher, Wobciech Szubinski, Csikvari Gergely, Marta Vieira Baptista, Julia Futò, Moritz Treese, Massimo Tepedino, Amaya Coello, Ignacio Toribio, Francesco Moncada, Gawel Tyrala, Diego Martin
Fotografias: Laura Cantarella, Nuria Díaz
Cliente: Câmara Municipal de Vinarós, Generalitat Valenciana e Ministério de Turismo
Geometria: Marta Malé Alemany
Maquetes: Christine Bleicher, Theodora Christoforidou, Fotios Vasilakis, Gabriella Castellanos, Daniela Frogheri, Fernando Meneses, Andrea Imaz, Marta Velez, Laure-Hélène Pelissot, Filipa Barraquero, Asaduzzaman Rassel
Construção: Binaria
Plataformas de madeira: Gestalt
